O tabu das lascas de carvalho

Amadurecer o vinho é uma escolha do enólogo, que permite desenvolver sabores complexos. O contato com o carvalho dá ao vinho mais taninos e mais compostos aromáticos, como notas de café, baunilha, pimenta, cravo, chocolate... Mas, para surpresa de muitos, contato com o carvalho não significa, necessariamente, armazenagem em barril...

O envelhecimento do vinho em barris de carvalho está longe de ser um processo barato. Para se ter uma ideia, cada barril de carvalho francês custa algo em torno de mil dólares.

O alto custo desse produto fez com que várias técnicas alternativas tenham sido desenvolvidas, para alcançar o mesmo resultado de amadurecimento, só que em cubas de aço inoxidável.

A solução encontrada pelos produtores baseia-se no contato do vinho com carvalho em pedaços, cubos, ou lascas, aduelas de barris, e até tanino em pó. Esse contato pode acontecer pela simples introdução desses pedaços de carvalho nos tonéis, ou pela construção de verdadeiras estruturas de madeira dentro deles.

Essas são alternativas que estão crescendo em popularidade, e esse já é um mercado tão constituído, que são disponibilizadas versões mais, menos ou medianamente tostadas, oriundas de carvalho francês ou americano.

(Para entender a diferença entre o carvalho francês e o americano, clique aqui)

O uso dessas opções não é amplamente divulgado por produtores ou por adegas, porque essas escolhas carregam o estigma de qualidade inferior, quando comparadas ao tradicional envelhecimento em barris. Mas, ao que parece, isso não é verdade, não.

A associação entre tanques de aço inoxidável, contato com o carvalho e técnicas modernas de micro-oxigenação (que simulam a condição a qual o vinho estaria submetido dentro do barril) podem produzir o mesmo resultado do envelhecimento tradicional, ao final do processo de vinificação.

É o que comprovou uma pesquisa realizada na Espanha. Um mesmo lote de vinho produzido à base da uva Tempranillo foi dividido em partes, que sofreram 4 diferentes processos de amadurecimento: em barris de carvalho americano, em barris de carvalho francês, em tanques de aço inoxidável com lascas de carvalho americano, e em tanques de aço inoxidável com lascas de carvalho francês. Todos os barris e lascas eram de versões medianamente tostadas.

A partir daí, uma degustação às cegas foi organizada com 65 pessoas, usualmente consumidoras desta variedade, que analisaram e classificaram cada um dos vinhos resultantes, segundo sua ordem de preferência pessoal.

A classificação que as pessoas deram aos vinhos, mediante degustação às cegas, não comprovou nenhuma diferença significativa de preferência no paladar, para nenhuma das 4 opções apresentadas.

(Se quiser conhecer melhor o conceito de degustação às cegas, clique aqui)

Ironicamente, 55% das pessoas haviam declarado que não comprariam determinado vinho se soubessem que o método de envelhecimento utilizado tinha sido alternativo (pelo menos não sem antes provar para certificar-se da qualidade).

Talvez essas alternativas não sejam tão românticas como imagem de uma adega e seus barris, mas, segundo esse estudo, elas são tão eficientes quanto, mesmo ainda sendo um tabu a ser quebrado.

Interessante, não é?




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